Henrique Valadares, codinominado de "O Cayrú", é o patrono da Loja Cayrú. Foi um eminente cidadão e um dos maiores Maçons que o Brasil já teve. Deixou uma folha admirável de serviços prestados à Pátria e à Ordem.
Nasceu em 15 de março de 1852, no Piauí. Matriculou-se na Escola Militar, onde fez um curso brilhantíssimo, conquistando o título de Engenheiro Militar. Obteve depois o lugar de professor da referida Escola e nesse cargo revelou sempre superior cultura e era, por todos, respeitado.
Esteve no primeiro plano da campanha abolicionista e lutou pela implantação da República. Foi discípulo estimado de Benjamin Constant.
Acompanhou e fortaleceu a ação de Floriano Peixoto (maçom), na consolidação do novo regime. Foi Prefeito do então Distrito Federal, e, depois, Deputado Federal pelo seu Estado.
Faleceu em 9 de novembro de 1903 no Rio de Janeiro, em conseqüência do cumprimento de seu dever de soldado.
No Acre, os brasileiros revoltados contra os bolivianos haviam proclamado a independência do terrítório e o Barão do Rio Branco (maçom) se esforçava por concluir um Acordo com a República irmã. Henrique Valadares fôra enviado ao Amazonas e Acre, em fevereiro de 1903, em missão especial, como Delegado Militar, mas lá, afadigado com o insano trabalho e o clima então inóspito, adoeceu gravemente, regressou ao Rio e veio a morrer, logo depois, sem ter tido a satisfação de assistir à assinatura do Tratado de Petrópolis, concertado em 17 de novembro de 1903, o qual pôs fim à questão acreana.
Seu enterro constituiu uma imponente consagração. O Presidente da República e o Ministro das Relações Exteriores enviaram representantes. O Ministro da Guerra, nosso Ir.: Marechal Argolo, Deputados, Senadores, Oficiais Generais e outras autoridades civis e militares compareceram pessoalmente ao ato fúnebre. O Grão-Mestre General Quintino Bocaiúva e os Grandes Dignitários da Ordem estiveram presentes, bem como numerosas delegações de Oficinas.
Em certo ponto do trajeto, os alunos da Escola Militar fizeram parar o coche e à mão transportaram o corpo de seu ex-mestre até a sepultura, no cemitério de São João Batista.
O Dr. Henrique Valadares, General de Divisão, foi reformado com honras de Marechal do Exército.
Na vida maçônica de Henrique Valadares iniciou-se na Augusta Loja "Cruzeiros do Sul II", Oriente de Uruguaiana, Rio Grande do Sul, em 24 de junho de 1874. Viveu três decênios de vida maçônica.
Grande, nobre, sereno e firme Obreiro. Trabalhador incansável. As Lojas o disputavam para seus Quadros e assim recebeu, de muitas, os títulos de Membro Honorário, Filiando Livre e Benemérito.
Galgou os mais elevados postos maçônicos e atingiu a dignidade de Grande Secretário Geral. O "Boletim" do Grande Oriente, durante anos a fio, ficou quase inteiramente a seu cargo e há, em seus números, excelentes artigos e comentários de sua lavra.
Em reconhecimento de seu extraordinário trabalho, no Simbolismo e no Filosofismo, a Assembléia Geral do Grande Oriente conferiu-lhe o título de Benemérito da Ordem e mais tarde o de Grão-Mestre Grande-Comendador Honorário, este pelo Decreto nº 147, de 22 de janeiro de 1898. O grande Oriente era, na época, uma Potência Mista. Serviu com os preclaros Grão-Mestres Antônio Joaquim de Macedo Soares e Quintino Bocaiúva.
Ocupou os cargos de Grão-Mestre Adjunto e Lugar-Tenente Comendador desde junho de 1901 até quando se transportou ao Oriente Eterno.
Era Garante de Amizade do Grande Oriente de França e do Supremo Conselho do Egito, junto ao Grande Oriente e Supremo Conselho do Brasil.
O ilustre e operoso Henrique Valadares teve em vida a consagração de ver o seu nome civil e o seu nome histórico adotados como títulos distintivos de três Lojas Maçônicas do Grande Oriente do Brasil.